Extensão: Interface com o ensino e a pesquisa


A função precípua da universidade é produzir conhecimento e torná-lo acessível. Mas que conhecimento é esse? Aquele que permite o melhoramento das práticas sociais quando a sociedade se defronta com problemas ou limitações impostos pela realidade. Se não for assim, teremos uma universidade com produções de pesquisa que ficam empoeirando nas prateleiras de bibliotecas ou na memória das bancas examinadoras.
O que confere sentido no âmbito da pesquisa é sua relação com o Outro e a Extensão não se justifica quando assume uma posição autônoma em relação a ambos. Põe-se um problema no tripé universitário (ensino-pesquisa-extensão) quando cada pé toma o seu próprio rumo, gerando um antagonismo na proclamada indissociabilidade.
A credibilidade de que a competência acadêmica e pedagógica é indiferente às relações acadêmicas fora da sala de aula e dos laboratórios conduz à compreensão de que a Extensão é algo alheio e levada à cabo por quem não tem a aludida competência. Esta percepção induz a pensar na atuação na extensão pelo viés da sensibilidade social e desmerecimento do saber científico, fortalecendo sua prática no assistencialismo e sem articulação acadêmica (sem a presença dos discentes ou inserindo-os em treinamento, sem a constituição de base de dados para novos conhecimentos e subsídios para discussão em sala de aula).
O método para a indissociabilidade pressupõe a prática do ENSINO, com destaque para a transmissão e apropriação do saber historicamente acumulado e sistematizado; o desenvolvimento da PESQUISA, processo de construção do saber, objetivação e materialização desse conhecimento e EXTENSÃO, que pressupõe a intervenção na realidade e o retorno de uma retroalimentação do ensino e da pesquisa, organicamente unidos.

 

 

Concepção da Extensão Universitária


Paulo Freire na obra “Extensão ou Comunicação? (8ª edição, 1983) aponta que a ação educadora do professor deve ser a da comunicação se quiser chegar ao Ser Humano concreto inserido numa realidade histórica e não a um ser abstrato. Ele reflete sobre a relação entre sujeitos em diferentes níveis de formação da seguinte forma: “conhecer não é um ato através do qual um sujeito transformado em objeto, recebe dócil e passivamente os conteúdos que outro lhe dá ou impõe. O conhecimento pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica invenção e reinvenção” (p. 7).
O professor Renato Hilário dos Reis (FE/UnB) destaca essa relação entre os sujeitos envolvidos nas ações de extensão universitária através de uma tipologia: 1) eventista-inorgânica e, 2) orgânica-processual. No primeiro tipo prevalece uma relação pontual e sem compromisso com a comunidade, que se vincula à concepção tradicional de ciência. No segundo tipo inclui-se o sentido da permanência da relação acadêmica com a intervenção para a mudança, prevalecendo a democratização da ciência.

 

 

Articulações da Extensão na Faculdade de Educação


A universidade tem o papel de retornar à sociedade o saber que dela se origina e no entendimento da articulação com sujeitos ativos e não passivos. Assim é que é possível estabelecer contribuições recíprocas entre a Faculdade de Educação com a comunidade do DF e Entorno para o fortalecimento do processo de organização social dos sujeitos dessa relação.
A possibilidade de maior articulação entre ensino-pesquisa-extensão também se vincula ao fomento de espaços de decisão envolvendo todos os sujeitos interessados na ação. A instituição de um conselho comunitário na unidade acadêmica com a participação de representantes entidades de trabalhadores da educação; Secretaria de Educação do DF; organizações não-governamentais ligadas à educação formal ou não-formal e discentes do ensino presencial e a distância representa um marco na constituição de uma extensão universitária orgânica, processual, participativa e integrada.